18 de fevereiro de 2010

Tivesse eu 22 anos e seria diferente

 
Entrei para a empresa onde ainda hoje estou, há 10 anos, fresquinha que nem uma alface e acabada de sair da faculdade. Experiência profissional basicamente nula, mas com muita vontade de aprender, de ajudar, de fazer deste projecto meu.
10 anos passados, 5 funções diferentes, sei que não sou quem fui. Tenho a humildade de reconhecer que aprendi imenso aqui. Que conheci fantásticos profissionais que me ensinaram tudo o que sei (esqueçam lá a faculdade, que diria que 90% do que lá aprendi não serviu para absolutamente nada).
O ânimo não é o mesmo e fui aprendendo à custa de muitas cabeçadas que há mesmo pessoas más e que o mundo não é cor-de-rosa (acreditei que o mundo era rosa até ao meu 2º ano da faculdade - um dia conto-vos esta história).
 
Sei que hoje tive um chefe com a distinta lata de querer escrever num papel cada pequena coisa que faço, com horas para tudo e mais alguma coisa. A seguir ia pedir-me certamente que lhe solicitasse autorização de cada vez que queira ir ali à casa de banho verter águas...
Sim, eu posso contratar 3 pessoas novas para integrar a equipa, ficar responsável pelo recrutamento, como aconteceu ainda este mês... Mas não sou dona das 8h do meu dia de trabalho...
Pois que bateu à porta errada... Não o pediu de forma directa. Se o tivesse feito, se calhar até lhe tinha dito que não mas que admirava a lata que tinha de me pedir... Pediu-o de forma velada... Apenas para justificar que não tenho espaço para abraçar apenas mais 243 projectos novos que me querem passar (coisa pouca, se pensarmos que tipicamente num ano fantástico, consigo chegar a concluir 35). E, nota importante, sem deixar de fazer, tudo o que faço hoje (que por acaso, só por acaso é mais do dobro do colega com quem partilho funções, que tem 25 anos, está na empresa há 2 anos e ganha bem mais do que eu! - mas esta também é outra história!).
Como o pedido foi velado e disfarçado de boa acção (dream on...) e já que, modéstia à parte, o meu rápido raciocínio sempre foi um bom aliado, cheguei lá antes mesmo da primeira frase estar terminada. Mas deixei-o falar até ao fim. Mais de 2 horas... E falou, falou, falou, falou... Chegou ao fim e disse-lhe: Agora é a minha vez de falar. O que me estás a pedir é que eu te dê um relatório do que faço a cada dia, com horários para cada uma das coisas, certo? Resposta tímida e já de voz tremida: Não é bem isso... Preciso de justificar que não posso passar-te mais trabalho. Resposta: Já percebi o motivo e agradeço muito a tua sincera preocupação. O que faço está no diccionário de competências interno, os meus projectos foram seleccionados por ti e por quem manda em ti. Assim sendo e olhando para o que o resto da equipa tem que fazer, proponho que nos sentemos todos, eu compro uns horários escolares (ou tiro da net) e preenchemos um cada um, com o que fazemos a cada dia, nos respectivos horários. Partilhamos e fotocopiamos para todos. Incluindo o teu. Alinhas?! Resposta enfurecida do pseudo-chefe: Não estás a perceber... Outro eu: Estou a perceber perfeitamente, mas como não quero que me protejas só a mim, mas a toda a equipa, incluindo a ti próprio, parece-me justo que façamos o exercício todos, evitando que o justificar que não tenho tempo para novos projectos (pouca coisa...), vá prejudicar outro colega.
 
E a conversa terminou com a resposta: "É um bom ponto. Vou pensar a melhor forma de o fazermos".
 
E aposto que a conversa ficou por aqui.
 

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