15 de fevereiro de 2010

I´m lost

 
Sinto-me longe de mim. Perdida do que fui. Do que sou. Não me reconheço. Sinto que algures entre a azáfama de um trabalho exigente, de ser mãe, filha, mulher, amiga... Não sei mais quem sou. Nunca me tinha visto em tal cenário. E receio que demore a encontrar-me. Que demore demasiado a encontrar-me.
Não sei quando começou esta espiral em que me perdi. Se soubesse, bastava regressar ao momento e recuperar o que fui. O que sou. Mas não tenho sequer uma pista. Estou perdida. Sinto a cabeça oca. O coração vazio. Sinto que não amo os que amo, como devia amar. Sinto que não me amo a mim. E por vezes já dou por mim num estado catatónico em que não sinto. Tenho medo. Não receio reconher que estou perdida. Não receio reconhecer a mim própria. Aos outros é outra cantiga. Tenho reacções que sempre condenei. Dou por mim a questionar tudo. Sempre fui uma pessoa de interrogações, mas nunca me senti perdida de mim. A única certeza que sempre tive, foi quem era, quem queria ser. Por vezes perdia-me no caminho, mas tinha noção que havia um plano, que tinha um mapa...
Hoje não tenho nada.
Se pode ser apenas uma fase?... certamente. Se acredito que seja apenas uma fase?... Não. Não acredito.
Tenho dado voltas e voltas na cama antes de dormir, para tentar perceber-me.Continuo a saber o que quero (?!? será que sei) mas tenho tantas, tantas dúvidas.
A vida tem-me pregado partidas. Eu tenho pregado partidas à vida. Tenho uma benção na minha vida, a minha M, que para além de linda, irradia luz. E sinto que sorve grande parte das minhas energias. Ando a desafiar o F para umas férias a dois, com sol e calor. Mas assim que o desafio, sinto que gostava de levar a M comigo. Talvez porque tenho receio de estar sózinha com o F. Mais do que isso sózinha comigo. Será possível alguém desaprender a amar? Será possível que eu tenha deixado de conseguir amar alguém para além da M? Estarei louca? Estarei sã e terei apenas conhecido uma nova forma de amor. Um amor sublime que faz todas as outras formas de amor, parecerem parcas e escassas?
Nunca me vi noutra igual. Escrevo à medida que vou pensando. Sem rumo. Sem destino.
Palavras e pensados desconexos que me assaltam e que fluem sem filtros para o teclado do computador.
Tenho tentado manter uma vida para além da M. Deixamo-la por vezes para jantar com amigos. Já a deixamos a dormir com os meus pais. Mas será esta uma interrogação natural da maternidade? Será natural que me tenha perdido? Que seja este o motivo deste meu estado de letargia que só se quebra com a M? Porque com ela eu rio com vontade, danço como se ninguém estivesse a ver... Um sorriso dela, um abraço... Mudam o meu dia. Muda a minha vida. E dou por mim a dar um abraço ao F e a não sentir o que senti. Será que o amor se perdeu? Será que deixei que o meu amor morresse? O estranho é que não o sinto apenas por ele. Sinto-me desligada do mundo. Sinto-me incapaz de amar condignamente os que estão na minha vida. Sinto que não sou eu. Alguém que sempre viveu de afectos. Que sempre defendeu a sensibilidade como a característica que mais aprecia no ser humano (para além da inteligência e do sentido de humor). Que admira alguém que tenha a capacidade de se emocionar. Será que eu perdi essa capacidade? Será que eu me perdi? Será que me vou encontrar? Será...

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