11 de janeiro de 2010

self-conscious




Vi esta imagem e parei… Porque me recorda a batalha que travei no último ano.
Sempre fui gordinha. Desde os meus 13,14 anos que me recordo de ser a mais redondinha das minhas amigas, mas confesso que nunca vi problema nenhum. Sempre tive amigos. Sempre tive namorados, flirts. Nunca me senti minimamente descriminada. Na escola secundária, na faculdade. Nunca senti que o facto de ser mais gordinha fosse um problema. Para mim nunca foi.
E este nunca foi, tornou-se num foi. Com o passar dos anos. Com um trabalho no escritório, com o rabo alapado na cadeira 8 longas horas por dia a coisa piorou. Piorou ainda quando encontrei nos alimentos, uma forma de fugir do mundo. Sim, para mim a comida sempre foi algo emocional. Comia porque estava triste, deprimida, longe dos olhares dos outros.
Só em 2009, percebi que para mim estava a tornar-se um problema. No final de 2008, nasceu a minha M. A luz dos meus olhos. Gravidez complicada. Sem aumento de peso (8kg, que foram perdidos milagrosamente em 15 dias). Mas o problema mantinha-se. Estava gorda. Não gostava de mim. Odiava espelhos. Fugia das máquinas fotográficas.
E a minha única New Year Resolution em 2009, foi voltar a ser eu. E se isto parecia simples, não era. Para me encontrar a mim mesma, precisava de percorrer um longo caminho. Em muitas direcções. De mudar rumos, de mudar hábitos, de perceber o que me fazia mal e o que me fazia bem.
Peguei num lápis e numa folha e toca de escrever um plano. Era tão grande que já me doíam os dedos. Papel e lápis de lado. Toca de escrever tudo no computador que escrevo mais rápido e sem dores (isto do hábito é tramado). Escrevi, escrevi e escrevi. Estabeleci prioridades na minha vida. E a prioridade era eu! Pois, pasmem-se as almas, mas a prioridade da minha vida não era eu. Não sei se alguma vez teria sido eu. Mas isto ficará para segundas núpcias, que é como quem diz para um outro post.

Feito o diagnóstico (por mim mesma, entenda-se, que nestas coisas não preciso de ajuda… conheço-me bem), foi tempo de fazer a lista do que podia fazer para mudar o que estava na lista do que não gostava. E assim foi.
Percebi que tinha que trabalhar bastante a minha parte emocional, de encontrar um equilíbrio. A tarefa é hercúlea, e penso que nunca está 100% completa, mas ainda assim, foi um passo de gigante o que dei no ano passado. Que este era o denominador comum a todos os campos da minha vida que precisava de alterar para me encontrar.
O seguinte foi perder peso a sério. Não falo de 3 ou 4 kgs (sem desprimor algum para quem o considera uma batalha). A minha era bem mais longa e sabia que não seria fácil.
O ano terminou e levou com ele 26kgs de mim (de que não sinto saudades). Faltam 5 para a meta que estabeleci. Está superada por 1kg a meta que o médico que me acompanha estabeleceu como desejável. E depois de anos a fio, sendo uma pessoa com excesso de peso, depois obesa, passei a ser uma pessoa com um peso normal.
Voltei a comprar roupa com gosto. Usei vestidos pela primeira vez em mais de 10 anos. Vou às compras com as minhas amigas sem recear o momento de olhar para a etiqueta e pensar será que existe para o meu número… Existe sim! Tenho o meu roupeiro cheio de roupa nova! Tinha mesmo que ser, porque tudo deixou de me servir. Sei, no entanto, que a minha batalha verdadeira, está a começar. A batalha de me manter estável emocionalmente. De não cometer erros passados.

Há uns dia fui às compras com o meu irmão. Entramos numa loja escolhi algumas peças e uma menina muito simpática separou algumas outras peças e levou-me ao provador. Entregou-as ao meu irmão e disse: acho que iriam ficar-lhe muito bem. No meio de algumas coisa em que acertou completamente ao lado, vinha um vestido lindo. Olhei para ele e pensei: não me serve. Serviu. Depois: é justo e não uso roupas justas. E ainda: não me fica bem. Abri a cortina por insistência do melga do meu irmão e eis que ouvi: não estás a ver a mesma coisa que eu, quando olhas ao espelho. O vestido assenta-te como uma luva e fica-te mesmo muito bem. Aliás se tivesses que levar apenas uma peça da loja, eu diria que devias levar esse vestido. Não trouxe apenas o vestido, mas trouxe também o vestido.
Cheguei a casa e mostrei-o ao F que olhou para o vestido e me disse que era lindo, mas que não estava a imaginar como me ficaria. E ficou sem imaginar até que hoje de manhã, apesar do frio, decidi vestir o dito modelito. Ainda o tirei e vesti algumas vezes. Porque me sentia estranha. Olhava para o espelho e pensava, faz-me o rabo grande, nota-se a minha barriga. Mas lá acabei por respirar fundo e pensar. É isto. O F viu e disse: olha que te fica mesmo bem! E hoje os elogios têm sido mais que muitos.

O hábito de usar roupas mais largas anos a fio, faz com que hoje me sinta ligeiramente desconfortável, mas ainda assim, mantenho a postura e agradeço com um sorriso cada elogio.
Mas eu chego lá! Chego sim!!!

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